domingo, 10 de novembro de 2013

Comprando passagem só de ida.

Da minha infância e adolescência, tinha pavor a mudança. Porque sempre deixava alguém para trás, da melhor amiga ao paquerinha. 

Quando cresci e criei asas, fiz dessa experiência com malas e estrada, uma rota de mudança. Seja para um emprego novo ou simplesmente pela sede de mudança, vai ver sempre tive esse espírito de cigano e demorei muito a aceitar. Confesso que por uns bons anos aquietei esse espírito, queria construir um lar, ter filhos, um jardim pra cuidar, um lugar pra repousar e esquecer essa rotina alucinante, nem que seja por um instante.

Desse desejo, tiro férias e coloco o pé na estrada novamente. Dessa vez, procuro por mudanças por mim e dentro de mim. Recebi a  pouco uma mensagem de uma amiga, que disse que esse texto, da Martha Medeiros, era a minha cara nesse momento:

“Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostos a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida.” 
E, foi exatamente o que fiz. Comprei passagem, só de ida.  

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Doce Novembro?

Odeio murmurar, mas as coisas estão tão difíceis que está impossível não pensar 24 horas nos problemas. Me separei, sei lá, há uns dois meses? Esperava que novembro fosse começar doce, mas continua amargo e azedo.

Essa semana recebi a carta do seguro de vida e... foi recusado. As contas continuam chegando e no trabalho, cada vez mais me afundando em problemas e pendências. As vezes chego a pensar que fui transferida para lá pra verem se eu pedia demissão, vai ver que tinham razão. Pois, definitivamente, não estou dando conta e isso é claro e evidente, até visível... Pelo tanto de folha em cima da minha mesa.

A única coisa boa que aconteceu foi que a Paulinha chegou da Alemanha e vai ficar entre nós até Janeiro e isso uniu a turma novamente. Já meu pai começou a reclamar das minhas saídas, aos finais de semana. Definitivamente nao dá pra agradar a todos e estou tão cansada que tenho até preguiça de ser polida e política.

Novembro, por favor, melhore.






domingo, 20 de outubro de 2013

O mundo é um moinho... Já dizia Cartola.

Já faz um bom tempo que não escrevo por aqui e nesse período minha vida sofreu muitas outras transformações... Comprei um carro (contando novamente), fui transferida para um novo departamento (estressante e mais dinâmico, contando novamente também) e, enquanto estava bastante ocupada entre trabalho e faculdade, não me dei conta de que estava passando mais tempo sozinha (inclusive aos finais de semana) do que acompanhada. 


A partir de então, comecei  a observar os rumos que as nossas vidas toma, assim... Sem a gente perceber. Talvez essa nova velha Daniele, se tornou mais introspectiva e pensativa, talvez tenha recuperado muita coisa, mas as perdas ainda são grandes e quando a gente pensa que está recuperando o "que perdeu" vem a vida e te dá uma rasteira daquelas.


Há dias que penso que é coisa demais, fardo demais, barulho demais, tudo demais. Já... tem dias que tudo é azul, céu limpo, brisa fresca. Quando penso que não dá mais, dou uma pausa pra mim mesmo, lembro do que passei, dos que me acompanharam, dos que ficaram, dos que chegaram e é dia novamente. Mas confesso que é bem difícil!

Assim vai chegando o dia, vindo a noite e nascendo o sol novamente. E, vou tentando viver um dia de cada vez.


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

De Julho a Setembro

De Julho a Setembro posso dizer que muita coisa mudou, algumas muitas para melhores e outras nem tanto. A primeira mudança começou na última consulta ao Neurologista, na mesma época.

Costumo dizer que conversar com meu neurologista recarrega as minhas baterias.


Ainda em julho, mudei para outro departamento da empresa e posso dizer que desde então vivo um dia bem dinâmico! Fiz novos amigos e o ambiente no trabalho é bem mais leve.


Em agosto comprei um carro e resumiria a um único adjetivo: ele é fofo! Semi-novo e completo, costumo dizer que minhas novas asas nasceram novamente.

Acredito que as coisas estão começando a melhorar e estou me tornando a Daniele de antes, só que em uma versão "melhorada". 

domingo, 7 de julho de 2013

Julho é o mês de consultas e exames

Consultas e exames autorizados, todos pelo meu plano de saúde. Considero isso uma vitória, pois só agora terei acompanhamento psicológico e fonoaudiológico de que tanto preciso. 

Na sexta que passou fiz a tão esperada angioressonância do crânio, depois de um pouco mais de um ano da operação e troca do plano de saúde.

Tenho tido alguns problemas com agulhas, na sexta (no exame), a aplicação do contraste me deixou com um  hematoma considerável no braço. Nessa segunda tenho consulta com a cardiologista (Dra. Ruth) e vamos conversar sobre algumas dores no peito, o grande fluxo menstrual mesmo suspendendo o marevan e outros assuntos. Mas, talvez a consulta mais esperada seja com a psicóloga que, enfim, está marcada para essa terça. A ansiedade é tanta que anotei todas as minhas observações, queixas e perguntas...

Na quarta, tenho consulta com um fonoaudiólogo e minha queixa central está em manter uma conversa de mais que 15 minutos sem ficar extremamente cansada e ofegante.

Fora isso, muitas coisas estão acontecendo e não estou conseguindo acompanhar.

domingo, 16 de junho de 2013

Avanços de memória

Tenho notado que a minha perca de memória recente melhorou consideravelmente, apesar de que "aquela memória fotográfica" ainda ande sumida, mas a melhora pode ser percebida nessas levas de prova da faculdade. Vou explicar...

Semestre passado, contei por aqui que as minhas avaliações foram um desastre. Inclusive as segundas, chamadas de AV2, que continham questões discursivas. Já nesse semestre, logo nas primeiras avaliações, com as provas objetivas, notei que identificar a questão causava menos confusão e consequentemente escolhia a questão certa, mas ainda vacilava em algumas. E, nessas consegui responder a todas as questões discursivas e é uma vitória, posso ter respondido alguma ou outra errada, posso ter confundido um detalhe ou outro... mas, só em ter respondido já é digno de comemoração!

No trabalho as coisas estão melhorando também, passei a achar que tudo é questão de adaptação e ter muita paciência pro resto. Talvez esse seja o desafio, simpatizo com desafios.

sábado, 15 de junho de 2013

Afasia - Que monstro é esse?

Nunca tinha me deparado com essa palavra, mas ela tem feito cada vez mais parte do meu cotidiano. Seja na faculdade, onde ouvi a primeira vez essa palavra em uma aula de Linguística e por duas ou três vezes nas aulas de Psicologia e a partir daí resolvi pesquisar e comecei a entender muita coisa que sentia e não conseguia explicar, seja para pessoas mais próximas (sobre como eu me sentia) ou até mesmo uma informação que devia dar e não me fazia entender. Com certeza você deve estar se perguntando... Mas, afinal, o que diabos é afasia?

Todo ser humano faz uso da linguagem. Falar, achar as palavras certas, entender, ler, escrever e fazer gestos fazem parte do uso da linguagem. Se como resultado de uma lesão cerebral uma ou mais partes do uso da linguagem pararem de funcionar apropriadamente, isto é chamado afasia. Afasia – A (=não) fasia (=falar) significa por este motivo que uma pessoa não é mais capaz de falar o que ele ou ela gostaria. Ele ou ela não
pode mais fazer uso da linguagem. Além de afasia, paralisia também pode ocorrer e/ou problemas com:
- Ações cotidianas,
- Observação dos arredores,
- Concentração, iniciativa para falar e memória.
- Incapacidade para fazer duas coias ao mesmo tempo.

Mas preste atenção: pessoas que sofrem de afasia em geral tem a sua competência intelectual a sua plena disposição!

Afasia se desenvolve como resultado de uma lesão cerebral. A origem desta lesão cerebral é na maioria dos casos decorrente de alterações nas veias e artérias do cérebro. Tais disordens são chamadas de derrame, hemorragia cerebral ou apoplexia. Em termos médicos isto é chamado de AVC: acidente vascular cerebral. Outras causas para o desenvolvimento de afasia podem ser por exemplo, um trauma (uma lesão cerebral decorrente de um acidente de carro) ou um tumor cerebral.

Raramente uma pessoa sofre apenas de afasia. Frequentemente outras áreas do cérebro são afetadas também. Exemplos de problemas adicionais que podem ocorrer são:

- Hemiplegia. Para pessoas com afasia a área afetada é frequentemente a parte direita do corpo. A condução dos músculos em um lado do corpo está afetada, e como resultado disso os músculos não colaboram bem.

Problemas de memória. Quando lembramos informações a linguagem desempenha um papel muito importante. Devido aos problemas de linguagem o funcionamento da memória também e prejudicado. Desta forma, sempre anote algumas palavras chaves, isto tornará mais fácil a tarefa de lembrar coisas para a pessoa com afasia.

- Reações diferentes. Algumas vezes pessoas reagem de forma completamente diferente depois de sofrer um derrame do que costumavam reagir anteriormente. O controle para expressar emoções se torna mais difícil. É possível que esta pessoa ria ou chore mais frequentemente. Também é possível que isto lhe cause
mais esforço para parar de chorar ou rir.

Devido à afasia a maneira na qual o afásico entende o mundo ou a maneira de se expressar sofre uma mudança. Através da melhor utilização possível das habilidades comunicativas remanescentes do afásico, ainda é possível se comunicar com ele.

Se quiserem mais informações sobre Afasia, reservei esses links:

domingo, 2 de junho de 2013

Aspectos psicossociais do AVC

Eis um artigo muito interessante, pode ser lido na íntegra aqui: http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=47&id=572

O artigo não só engloba os aspectos físicos, mas toda a  extensão de um AVC.

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma condição neurológica muito comum, que influencia a vida do paciente e de seus familiares. De acordo com estudos realizados em nosso país, o AVC é a primeira causa de morte, sendo considerada também a principal causa de incapacidade física e mental, elevando os números de aposentadoria por invalidez. Por essas razões, as pessoas que têm AVC podem ter prejuízos nas atividades da sua vida diária, no trabalho, no lazer e podem apresentar quadros de depressão e baixa qualidade de vida. Tudo isso faz com que o paciente com AVC tenha dificuldades nas atividades diárias e nas relações sociais e familiares.

Os fatores psicossociais, como depressão, ansiedade, stress acabam sendo portas de entrada para comportamentos inadequados que afetam outros fatores de risco. Por isso, da mesma maneira que os outros fatores comportamentais modificáveis, os psicossociais também devem ser tratados.

Nesse sentido, podemos falar que a prevenção do AVC, em muitos casos, depende de cada um de nós. Podemos diminuir a probabilidade da ocorrência do AVC adotando comportamentos de saúde e estilo de vida mais saudável. Para isso, buscar informações, melhorar o conhecimento sobre a condição e aderir aos tratamentos propostos é de grande valia para mudarmos a perspectiva catastrófica do AVC em nosso país. Junto com o tratamento de outros fatores de risco, como a hipertensão arterial, o diabetes e o colesterol, podemos contribuir para diminuir o número de casos de AVC em nosso país.

Mas e depois da ocorrência do AVC?

Depois que a pessoa teve um AVC, é comum ela apresentar complicações psicológicas, como: agitação, irritabilidade, falta de iniciativa, apatia, agressividade, desinibição e depressão. Alguns pacientes podem ficar mais lentos, são muito cuidadosos, incertos e inseguros e, com isso, acabam ficando ansiosos e hesitantes, exigindo sempre apoio de outras pessoas. Essas alterações dependem da área cerebral afetada e da gravidade da lesão.

Dentre essas complicações, a mais comum é a depressão. Estima-se que de 10 a 34% dos pacientes que tiveram um AVC terão depressão, tendo que conviver com os sintomas depressivos em algum momento depois da ocorrência do AVC. É interessante notar que os pacientes costumam apresentar mais depressão logo após o evento e depois de três anos do AVC. Outro aspecto a ser considerado na depressão pós-AVC é a dificuldade em se fazer o diagnóstico adequado, devido às próprias sequelas do quadro, como problemas de comunicação, de linguagem e déficits cognitivos.

Para o desenvolvimento da depressão em pacientes pós-AVC, os fatores de risco mais comuns são: impacto psicológico diante do diagnóstico; história familiar; história prévia de depressão; pobre rede de suporte social; eventos negativos recentes; consumo exagerado de álcool; dificuldades sociais; e nível de prejuízo funcional e cognitivo. Nesse sentido, a depressão pós-AVC traz um comprometimento significativo para a evolução do paciente com AVC, sendo que alguns desses pacientes podem ter suas atividades da vida diária comprometidas por um período de tempo significativo. Com isso, a depressão aparece como um dos principais fatores operantes na baixa qualidade de vida desses pacientes, tendo repercussões significativas nas relações interpessoais, ansiedade, stress e habilidades sociais das pessoas com AVC.

E, falando em qualidade de vida (QV) no contexto da saúde, que acaba sendo influenciada pelo AVC, ela engloba a percepção individual do bem-estar físico, psicológico e social da pessoa, sendo assim, composta por três dimensões: física, mental e social. A dimensão física diz respeito ao estado de saúde geral, considerando o comprometimento do quadro, o tratamento realizado e as tarefas da vida diária. A dimensão referente aos aspectos mentais é caracterizada pela condição emocional, autoestima, transtornos associados (depressão, ansiedade, stress). Os aspectos sociais da qualidade de vida referem-se às atividades sociais no âmbito da família, do trabalho, do lazer e dos amigos.

Estudos realizados mostram que muitos pacientes que sobrevivem ao AVC têm sua qualidade de vida prejudicada em dois anos após o evento, mesmo os que conseguem uma boa recuperação. Aspectos como sentimento de inutilidade, independência, falta de autonomia, dependência de outras pessoas e dificuldades físicas e cognitivas ficam prejudicados, influenciando assim a QV. Nesse sentido, é fundamental que o paciente pós-AVC tenha acesso à reabilitação e aos serviços de apoio relacionados ao AVC para que consiga melhorar suas atividades de vida diária após o evento e, consequentemente, melhorar sua QV.

É importante ressaltar que além dos fatores psicológicos, o AVC tem consequências importantes no funcionamento cerebral, levando a diferentes tipos de disfunções cognitivas. A disfunção pode ser progressiva, como no caso das demências vasculares, ou imediata, nos quadros agudos. Quando um vaso ou uma artéria está bloqueado, o tecido que está privado de sangue, como resultado desse bloqueio, sofre uma lesão cerebral. Como consequência dessa lesão, aparecem as sequelas, que podem ser físicas (dificuldade para andar, paralisia de um lado do corpo, etc) ou cognitivas (dificuldade de memória, atenção, linguagem), dependendo do local da lesão, do tamanho da área lesada e das funções na área atingida.

Em virtude das sequelas cognitivas, muitos pacientes são tidos como confusos, não cooperativos ou sem iniciativa. Essas características acontecem pelas dificuldades de memória, atenção, raciocínio, linguagem, perda da percepção corporal, da orientação espacial. É importante lembrar que, por dependerem da lesão, essas alterações variam significativamente de uma pessoa para outra, sendo que alguns pacientes podem não apresentar nenhuma das sequelas descritas e outros, apresentam mais de uma sequela.

Uma das sequelas pouco abordadas em nosso meio é a heminegligência, que pode ser definida como o não reconhecimento do seu hemicorpo (em geral, esquerdo). Dentro das heminegligências, a visual é uma das mais comuns consequências de dano cerebral relacionado ao hemisfério direito. Apesar de poder acontecer em quase todas as doenças que envolvem lesão cerebral estrutural, ela tem sido mais comumente estudada após o AVC. Sua presença constitui um dos principais sinais de resultados clínicos ruins, podendo trazer prejuízos na recuperação funcional depois da lesão cerebral. A negligência visual é um déficit clínico de atenção, no qual o paciente não percebe o meio externo em seu hemicorpo contralateral à lesão.

Já a afasia, uma sequela bem mais abordada, é caracterizada pela incapacidade da pessoa se expressar (seja pela fala, por gestos ou pela escrita) ou de compreender a fala. E dependendo do local da lesão, existem vários tipos de afasia: afasia de Broca (de expressão, motora ou não fluente); afasia de Wernicke (de compreensão, sensorial ou fluente); afasia global (mista); afasia progressiva primária. Nesses casos, a reabilitação cognitiva tem um papel fundamental, permitindo o estabelecimento de estratégias para recuperar o déficit cognitivo e funcional do paciente. Com isso, ela busca recuperar as funções da pessoa através da otimização do funcionamento físico, social e emocional. Essa reabilitação proporciona estratégias para o treino de competências que melhoram a atuação do paciente em diferentes situações, promovendo assim, uma recuperação mais plena.

Assim, para um paciente que teve um AVC, os programas de reabilitação pós-AVC devem enfatizar as sequelas físicas e também as cognitivas, no sentido de recuperar ao máximo as funções cerebrais comprometidas pelo AVC. Um programa de reabilitação adequado envolve uma equipe interdisciplinar e contribui para a recuperação da autoestima do paciente e, consequentemente, para sua reintegração na família, no trabalho e na sociedade. Além disso, a avaliação da presença de depressão, de piora da QV e da presença de déficits cognitivos, pode fornecer dados úteis e norteadores de futuras intervenções no pós-AVC. Nesse sentido, o tratamento médico pode ser reavaliado, a reabilitação fisioterapêutica ou fono audio lógica pode ser mais efetiva, os encaminhamentos para psicoterapia ou psiquiatria podem ser realizados e o apoio às famílias pode ser sistematizado.

É importante ainda salientar que o ajustamento psicossocial desse paciente está relacionado não apenas às sequelas presentes, mas especialmente ao suporte familiar e social. O AVC é considerado um evento estressor, que produz efeitos significativos também na família dos pacientes. Quando o paciente tem um AVC, a família sente os efeitos desse impacto e sofre com o stress causado pelo diagnóstico, sendo considerado uma ameaça ao funcionamento normal da família. Logo após o AVC, os cuidadores costumam ter uma mudança em suas vidas também: menos independência, mais cuidados, stress, cansaço e preocupação, mais dificuldades no trabalho e para o lazer. Isso porque o cuidador acaba assumindo um papel que foi imposto pela circunstância, e não por escolha própria e, com isso, não têm noção do que lhe espera, não tem noção do quanto lhe será exigido. Dessa maneira, as repercussões na dinâmica familiar são certas.

Nesse sentido, os cuidadores precisam estar inseridos diretamente no processo saúde-doença para poder interferir positivamente na saúde e no bom prognóstico dos pacientes. É esperado, nesse contexto, que os familiares e cuidadores sejam informados sobre quais as medidas a serem tomadas para melhorar a saúde do paciente, tendo assim uma atitude adequada e positiva diante do AVC. É preciso que os cuidadores sejam orientados e cuidados para que seja conquistado o lado positivo da situação: o relacionamento familiar pode ser melhorado e a sensação de cansaço e esgotamento pode ser substituída por sentimentos de afeto, acolhimento e ternura.

Dessa maneira, é possível buscar estratégias adequadas para que o paciente possa retomar o seu cotidiano do modo mais independente possível, melhorando sua qualidade de vida e promovendo, assim, sua reinserção social.

Paula T. Fernandes é psicóloga, mestre e doutora em neurociências pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Pós-doutoranda e pesquisadora colaboradora do Departamento de Neurologia da FCM-Unicamp. Presidente da Aspe (www.aspebrasil.org), ONG executora da Campanha Global Epilepsia Fora das Sombras da OMS/ILAE/IBE no Brasil. Psicóloga do Programa de Neurovascular da FCM-Unicamp. E-mail para contato: paulatfb@terra.com.brpaula@aspebrasil.org

sexta-feira, 31 de maio de 2013

‘The draft’ - Livro de menina que morreu após um aneurisma

Passeando pela internet vi uma reportagem curiosa, a cerca do ‘The draft’. O livro foi escrito como forma de homenagem, pois a escritora morreu após o rompimento de um aneurisma:

A reportagem nos trás a certeza do que já sabemos, o aneurisma quase sempre é fatal e silencioso. Pena que não seja um livro de superação pós aneurisma e sim um livro de memórias antes de um aneurisma.

Encontramos poucos relatos de quem passou por isso, como enfrentaram ou enfrentam o período de recuperação, as milhões de perguntas que veem a mente, as frustrações com a velocidade do raciocínio, enfim... Só que passou por isso e sobreviveu, sabe como realmente é conviver com a certeza de que você agora é diferente.


Sabe, esse meu retorno ao trabalho está sendo um constante desafio. Tenho e tento me manter equilibrada e com um único pensamento: tenho que respeitar meus limites, sem me deixar abater por esses mesmos limites. Mas, confesso que é bem difícil.


Quando você volta (ou pelo menos tenta) estabelecer sua rotina de antes, um fato curioso que acontece, é que as pessoas que fazem parte da sua rotina acabam esquecendo que você está em recuperação e começam a lhe cobrar como a pessoa que você era antes do aneurisma. Entender, compreender, relevar e manter a mente abstraída desse fato é realmente bem difícil. 


Vez ou outra entro em parafuso com isso, mas nada que uma boa conversa com o Roriz não resolva e me faça voltar aos eixos.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O modo de lidar com a pressão psicológica...

Essa seria a tática a ser escrita, mas não existe tática.

Voltei a trabalhar, como já disse por aqui... e, como esperado, as coisas não estão fáceis. Ontem, conversando com um funcionário do departamento, ele disse exatamente o que está acontecendo, não sei se essa é apenas a visão dele ou se é a visão do meu chefe também.

Antes do aneurisma eu era uma pessoa extremamente ágil, nas ações, no pensamento e para desenrolar diversas situações. Agora, demoro bastante para processar uma única informação, sou lenta para escrever e confundo informações. Vou dar um exemplo, antes para dimensionar um grupo gerador para determinado cliente, demorava apenas alguns minutos. Hoje, passo o dia todo para fazer apenas um e ainda esqueço de algum detalhe na memória de cálculo.

Outra situação: meu chefe me pediu para verificar algumas informações com uma outra pessoa, depois de muito tentar falar com essa pessoa, consegui manter contato, porém esqueci de perguntar uma única informação... aí já viu, pra voltar a falar com essa pessoa foi-se o resto do dia. Quando ele me pediu as informações, claro, estavam incompletas. O pior de tudo é que quando ele fez, parece mágica, em alguns minutos conseguiu a informação que faltava e eu volto a escutar a famosa frase: "eu resolvo em poucos minutos, não sei qual é a dificuldade". E assim está sendo o meu dia-a-dia no trabalho.

Estou suspeitando que vá ser demitida, ainda é uma suspeita. Mas, confesso que essa situação toda está me causando um mal-estar. Primeiro, porque sei das minhas limitações, depois, por estar sendo submetida a essa pressão psicológica. Enfim, se alguém tiver receita de bolo... favor deixar nos comentários.

Resumindo tudo: uma bosta.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sinto que meus problemas laborais apenas começaram...

Voltei a trabalhar e com isso os meus problemas começaram... Estou à deriva no escritório da empresa, antes era Coordenadora Técnica em uma usina termoelétrica, depois que voltei, fui remanejada para o escritório da empresa e trabalharia na área de aplicações. Retornei dia 24/04 e, desde então, apenas estudo e relembro algumas teorias técnicas, nisso vi que os meus problemas apenas estão começando.

Hoje escutei a célere frase: "como vou lhe ensinar se o básico você não sabe". Não que não saiba, apenas não lembro. E, estudo... mas no outro dia já esqueci de tudo! Também tem o caso de, com o meu afastamento, alguns equipamentos mudaram e outros se tornaram obsoletos. Enfim, o dia hoje não está fácil e a única vontade que tenho é de chorar.

Voltei a trabalhar porque me sentia apta a função que exercia antes, esse problema de fixação da memória já sabia que era um sequela que me acompanharia por um bom tempo, mas também não contava com essas mudanças no trabalho, muito menos nessa cobrança de pegar tudo com um curto intervalo de tempo.

Pode ser que as coisas melhorem ou pode ser que piorem, em todo o caso, o máximo que pode acontecer é ser demitida, o que acho bem mais provável disso acontecer em alguns meses ou semanas. Mas e aí? Como fico? Essa é a pergunta que ainda não tenho resposta. 

O Dr. Avelino passou a Terapia Ocupacional, marquei com a psicóloga para o dia 14/05. Não sei, mas estou considerando em dar entrada novamente no INSS.  Estou pensando seriamente nessa possibilidade, vamos ver até onde vai isso tudo dar.

sábado, 4 de maio de 2013

Voltei a trabalhar!

Alguns dizem que tudo ainda é muito recente, devido a gravidade, uns dizem que 01 ano não é tempo suficiente para voltar ao trabalho. Confesso que há dias em que fico extremamente cansada, mas acho que é por conta que estou na fase da adaptação, estou conseguindo dormir as 23h e acordo as 06h.

No trabalho está assim, há dois grupos de pessoas, as que acreditam na minha plena recuperação e as que ficam com um pé atrás e meu chefe faz parte do segundo grupo. Procuro entender os dois grupos, mas deixo claro a todos que aquela Daniele estressada, ligada no 440V e que faz tudo ao mesmo tempo... Bem, essa aí não vai vir tão cedo ou até nunca mais. Até tento dar uma acelerada e encarar a pressão de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas nesse dia que fiz esse teste, fiquei tão cansada que cheguei em casa e apaguei, no outro dia parecia que todo o cansaço tinha descido para as pernas, não sei bem explicar, mas vi que sentir essa exaustão ao máximo é muito ruim.

Fui remanejada, agora vou trabalhar com aplicações de engenharia, tudo ainda é muito novo. Confesso que no primeiro dia fiquei um pouco assustada e já achava que não ia dar conta do recado, mas se acovardar diante de um desafio não faz parte de mim. Estou estudando e anotando, talvez o grande desafio seja de não me cobrar tanto (que pegue tudo) em um curto período de tempo.

Eu e o Roriz estamos enfim morando juntos, nosso apartamento ainda está bem simples, mas o que importa é o amor e o dinheiro pra pagar o aluguel (sic)! Brincadeiras à  parte, nossa nova rotina inclui lazer, estudo e trabalho, então tudo tem que ser bem prático e com isso estou colocando em prática a teoria PPP, que vi lá no blog Meu Cérebro Mudou, a técnica serve pra muitas ocasiões e colocando-a em prática aprendi a planejar toda a nossa semana, meus remédios na mochila, os almoços do  Roriz, meus lanches e até os meus horários de dormir, acordar e etc... Tudo é planejado. 

A técnica do PPP  também serve para aqueles dias em que estou com a cabeça bagunçada, pensando milhões de coisas ao mesmo tempo. Aprendi a identificar esses dias, então se penso muito em uma coisa, devo passar uns 3 dias refletindo sobre ela, no 4o. dia encontro alguma solução mais simples do que imaginava já no primeiro dia ou então nem era algo assim com profunda importância.

Minhas sessões com a psicóloga começaram e conversar sobre isso me ajuda a entender a cabeça dessa nova Daniele, antes que ela me engula de vez.

E pra encerrar... Vou pro show do Paul McCartney, aqui em Fortaleza. Por isso a foto no post de hoje! rs

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Lembranças da infância

Sempre fui uma criança ansiosa, já roía as unhas desde uns 4 a 5 anos pelo que me lembre. E, como toda criança, prestava atenção a tudo e todos, por volta de 1988 muito se falava no "boom do milênio", que o mundo ia acabar na virada do século e todas as teorias da conspiração inimagináveis... 

Enfim, aquilo me deixava profundamente aflita, lembro que fazia as contas no dedo, que no ano 2000 só teria 18 anos e que este tempo não seria suficiente para casar e ter filhos. Veja só o que um boato pode fazer com a cabeça da criança. Então, volta e meia, essa notícia voltava e eu ficava aflita com o mesmo dilema. Até que comecei a pensar em como pediria para Deus me dar mais tempo... Pedia mais um tempo, que se vivesse até os 30 anos teria tido tempo suficiente para ter casado e ter (pelo menos) um filho. Os anos 2000 vieram e nada aconteceu, desde então passei a não acreditar em mais nenhuma teoria de "fim do mundo".

Saí do Hospital cerca de 15 dias antes do aniversário dos meus 30 anos e desde então nunca tinha confessado pra ninguém desse pensamento que tinha quando criança, até que contei pro Roriz e algumas outras pessoas, em uma roda de conversa e lógico que foi motivo de muita risada. No dia do meu aniversário relutei pra sair de casa, tudo e todas as situações possíveis e inimagináveis que poderia evitar, evitei. Juntei o episódio do aneurisma e a proximidade do meu aniversário e fiz aquela confusão.

Enfim, acho que esse episódio da minha infância com esse evento do aneurisma serviu pra bagunçar (e muito) a minha cabeça. Por isso devemos ter cuidado com determinados assuntos na frente de crianças, até porque a mente de uma criança é muito fértil e ela também não está preparada para determinados assuntos.

Amanhã começo a mudança pro nosso novo ninho, eu e o Roriz vamos avançar mais uma etapa da nossa vida. Casei, ainda não tenho filhos, mas já cheguei nos 30! rs

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Um ano e muito à agradecer!

Sabe, há exatamente 1 ano atrás estava sozinha em casa com uma dor de cabeça insuportável e que só deu tempo pedir socorro até apagar. 

Fui socorrida pelo Rorix Pinheiro e sua mãe, levada ao Hospital da Unimed semi-inconsciente e, os que me acompanhavam, ainda não sabiam o que tinha. Por volta da noite é que identificaram um aneurisma rompido e outro prestes a se romper, na minha cabeça. Fui operada às pressas e daí em diante, se sobreviveria ou não, estava nas mãos de Deus.

Passei 42 dias no Hospital, só lembro dos 10 últimos. As sequelas, hoje, são praticamente imperceptíveis. Mas, durante esses 12 meses, foram muitas barreiras vencidas e ainda tenho muitas outras para vencer. Meu lado direito está com a coordenação motora de uma criança de 8 anos, mas isso não me impediu de reabilitar o lado esquerdo e isso inclui: escrever, escovar os dentes, comer... dos movimentos mais básicos aos mais afinados. Esse tempo parece pouco e muito ao mesmo tempo, até porque ainda tenho muitos outros obstáculos.

Depois que a gente passa por isso, descobre uma enorme força e não sabe explicar de onde ela vem. Descobre que a gente pode perder bens materiais, mas que o AMOR, AMIZADE e COMPANHEIRISMO são eternos.

Primeiramente agradeço a Deus, Ele não tem facebook e muito menos usa internet, mas me ouve todos os dias. Agradeço todos os dias pela paciência, amor e amizade do Rorix, que me acompanhou e ainda acompanha, me deixou à par do assunto, me incentivou a romper todas as dificuldades motoras, me alegrou nos dias de tristeza, pesquisou muito sobre o assunto, terapias, clínicas especializadas e cuida dos meus horários e remédios.

Agradeço pelos meus pais e pelo exemplo de força da minha mãe (Raimunda Cavalcante) que me ensinou durante toda a vida que o mais importante na vida é a gente "não desistir, jamais", pelo meu Pai (que na sua chatice, me ensinou a ter regras e estabelecer metas), pelos meus amigos e amigas Ana DantasEulália CoelhoRafaela CoelhoAdriana BarrosSoraia FelixFernanda RochaSocorro Vale, às minhas tias Dora Ferreira e Miriam que se dividiram como puderam pra dormir comigo ou ficar o dia no hospital me acompanhando. Agradeço também aos pais do Rorix pela hospitalidade que me deram durante um período que fiquei na casa deles. Agradeço aos que foram me visitar, aos que intercederam por mim.

Um beijo mais do que especial pra minha Dedete e minha gêmula Rafinha, que tiveram que sofrer de longe e praticamente arrumaram as malas pra vir pra cá. Diz pra Dedete viu Júnior, Sandra e Marcelo.

Enfim, tudo só tenho a agradecer. E, se hoje estou aqui agradecendo é pelas muitas orações de vocês, pela força que me deram em algum momento desse período.

domingo, 7 de abril de 2013

Um novo dia e grandes perspectivas!

As oscilações de humor deram uma maneirada, só isso já é motivo pra comemorar!

Na semana santa fomos para o sítio da familia da Eulália e lá estavam a Adriana e a Rafinha, foi bem divertido passar esses dias com elas e acho que me ajudou também a relaxar e espairecer a mente, enfim foi ótimo!

Nessa semana muitas coisas maravilhosas aconteceram e uma delas foi que fechamos o aluguel do nosso apartamento, nossa, não dá nem pra descrever o quão feliz fiquei com o fim dessa busca! Outra coisa bem legal é que vou pro show do Paul McCartney aqui em Fortaleza, com certeza um momento único! Graças à insistência da Lala e das meninas!!!

Nesse mês tenho consulta com os médicos que me acompanham e dia 24 de abril volto a trabalhar, se assim eles consentirem. Até outra novidade!!

domingo, 24 de março de 2013

Oscilações de humor

Você já teve aneurisma? Espero, do fundo do meu coração, que não. Mas, se você chegou até aqui, é porque está procurando relatos que se assemelham ao seu ou quer ajudar alguém que esteja passando por isso. Pois bem!

Há alguns anos que não roía as unhas, mas ando com a ansiedade tão aflorada que não restaram nada delas. Notei que tenho tido oscilações de humor recorrentes, tem dias que estou bastante irritada, sem motivo aparente. Outros, estou chorosa e qualquer coisa ou palavra me deixa profundamente triste. Tem dias que estou no modo "desligada", simplesmente não consigo sentir nada, nem raiva, nem dor, alegria muito menos!

Nesses dias, tudo está muito mais intensificado, tanto é que, de sexta para sábado, passei a noite acordada tentando dormir e não teve passatempo que relaxasse a mente. Chega a ser frustrante, é como se estivesse ligada no 220 direto e não pudesse fazer nada a respeito. 

Ainda não tenho acompanhamento de algum neuropsicólogo, mas sinto que está chegando a hora. Andei lendo relatos de quem já passou ou passa por isso, e, numa dessas pesquisas achei esse blog que fala sobre vários assuntos que rodeiam as sequelas de um acidente vascular cerebral http://meucerebromudou.wordpress.com inclusive dessa oscilação de humor.



quinta-feira, 21 de março de 2013

Paciência e Longaminidade

"Longanimidade e Paciência é saber esperar (...)", já dizia uma certa música que aprendi na minha infância. 
Saber esperar e paciência é tudo que temos feito ultimamente, aliás... paciência foi uma palavra que passou a fazer parte da minha rotina, pós aneurisma.

Estávamos morando com os pais do meu marido, mas por um infortúnio tive que vir morar com os meus pais e ele com os dele. Enquanto isso, procuramos apartamento para alugar, que esteja dentro do nosso orçamento e que faça parte da nossa trajetória diária e assim, tudo volta ao normal.

Nesse mês, que não escrevo por aqui, muita coisa mudou. Começaram as aulas da minha faculdade e a do meu marido, no dia 22 desse mês vou voltar a trabalhar e confesso que estou bastante ansiosa pra isso. Minha memória tem melhorado consideravelmente, assim como minha caligrafia com a mão esquerda e a reabilitação da mão direta está bem lenta, mas já consigo escrever minha rubrica.

De umas semanas pra cá tenho tido crises de ansiedade poderosas, as coitadas das minhas unhas é que sofrem. Minha angio-ressonância teve que ser remarcada para abril e só depois disso é que vou marcar o retorno com o neurologista clínico que me acompanha vou aproveitar também para pedir dele um acompanhamento psicológico, acho que já é a hora.

Depois que a gente passa por isso, fica um vazio que não sabemos como preencher. Fico pensando: e se tudo isso não tivesse acontecido? E, se tivesse morrido? São perguntas, sentimentos que afloram e outros que desapareceram. Sinto que, dentro da minha cabeça alguma coisa foi desligada, do tipo, alguns sentimentos como compaixão, alegria e outros precisam de muita força para florescerem, é um exemplo bem resumido... Antes era uma pessoa mais emocional que racional, mas depois disso sinto que as coisas se inverteram e a única emoção que consigo sentir com facilidade é raiva, vai entender.

Tenho respondido alguns tópicos no fórum http://aneurismacerebral.ning.com e isso tem me ajudado e ajudado outras pessoas, atualmente isso é o que importa.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Nada do que a gente planeja acontece...

É, meio assim... Ambíguo.

Comprei duas passagens (ida-volta) para mim e para o Roriz, me planejei, paguei a reserva da hospedagem e uma semana antes me jogaram um balde de água fria. Pois é, meu feriado de carnaval foi todo em casa. Pelo menos não gastei dinheiro. Olhando por essa perspectiva seria uma coisa boa, se não precisasse dessa viagem para espairecer a mente e pensar com calma na vida.

Agora, mais do que nunca quero voltar a ter um canto só meu ou nosso. Fiz o eco-esofágico e deu normal, no início de Março vou enfim fazer a angio-ressonância. Segunda-feira começam as aulas, minhas e do Roriz. Voltamos às nossas rotinas e só espero uma coisa: achar um canto pra chamar de meu, pronto. Só preciso disso pra voltar a ser feliz.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Tudo vai... caminhando.

Fiz a perícia e renovaram por mais 3 meses, por mim já voltaria a trabalhar até porque ficar em casa causa mais estresse do que passar o dia trabalhando. 

Fui na empresa pra autorizar meu exame da angio-ressonância do crânio, a Unimed não quer dizer o preço nem para o Coordenador do RH e a ordem é: só autorizar algum exame se disserem o preço e assim fica esse impasse, enfim esse é um dos assuntos que já me deixam estressada só em lembrar. No fim, ficou combinado de ir na segunda conversar com a Diana da Unimed,ou seja, nada resolvido por enquanto.  Consegui autorizar o eco-esofágico e vou marcar nessa segunda, dependendo do resultado paro de tomar o marevan.

Esse final de semana fomos almoçar com a Lala e foi bom, começamos logo no início da tarde e só saímos à noite, foi legal e serviu pra desopilar um pouco. Estamos nos preparando para viajar nesse feriado do carnaval, vamos para Belém do Pará e acho que vamos comprar nossas alianças por lá, o que seria algo bem  característico, já que todo ano fazemos alguma viagem juntos.


domingo, 6 de janeiro de 2013

Como tudo está, tão estranho...

Quando resolvi fazer um diário, pra mim, foi muito difícil. 
Fisicamente, em  primeiro lugar, porque escrever era um desafio enorme, como já disse aqui, minha coordenação motora com a mão direita ainda é um desastre e o fato de só exercitar me deixa cansada física e mentalmente. Depois, relembrar o que passei e  reviver a minha história, mesmo que contada pelo testemunho dos que me acompanharam, foi bastante estressante e talvez tenha sido a parte mais difícil, mais pesada. Passando essa parte, a cada obstáculo vencido e muitos outros ainda em curso, vejo que tudo valeu e ainda vale à pena. Estar escrevendo tudo isso.

Nessa semana resolvi abrir o blog para o público, enviei o endereço aos familiares e amigos, e vi que, pra eles, ainda é muito mais difícil reviver (mesmo que contada) a história. Minha mãe disse: "quando comecei a ler, me deu logo uma coisa ruim e  parei" e, minha amiga Eulália, "estou morrendo de chorar". Mas prefiro pensar que cada  um tem seu modo de encarar as coisas.

Essa é uma coisa curiosa, antes disso, era muito mais emotiva e expansiva. Depois do acontecido, sinto que fiquei mais fria com relação aos sentimentos, não que não me emocione, claro, mas demostrar é muito mais difícil, como se estivesse passando por uma era glacial. Prefiro ficar em casa, do que acompanhada ou em ambientes com muita gente, a Ana Paula (minha amiga, que me deu meu primeiro batom da MAC) foi pra Alemanha e nem sequer fui me despedir dela. Agora, um fato que me deixou alguns dias em estado de choque, foi o falecimento do tio Mota (tio da Eulália), não que não tivesse sentido a sua morte, mas não conseguia entender ou talvez compreender o seu falecimento assim tão repentinamente, fiquei mais de uma semana muito pensativa, como se estive ainda em estado de choque e com isso não conseguia expressar nada, mas só pensar no ontem e no hoje e não conseguia ligar as coisas... enfim, é tudo muito estranho.

Esses são alguns dos fatos que aconteceram, é como se a área dos sentimentos tivessem sido desligadas. Tenho lido depoimentos de outras pessoas, que passaram pela mesma coisa que eu, e a queixa é a mesma, uma constante falta de vontade de socializar, uma pessoa estranha a si e a tudo que a rodeia. Se é difícil para as pessoas compreenderem isso, pra mim é muito mais.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Dia de fazer e marcar exames

Hoje minha manhã foi exclusivamente para fazer exames e marcar outros.

Como de  praxe, fiz o Tempo de Coagulação ou famoso TP para fazer as dosagens do Marevan. Liguei para o Hospital São Mateus para marcar a Angioressonância do Crânio, vai ser a  segunda  vez que faço  esse exame, ele vê todas as veias que irrigam o cérebro e com isso o Dr. Túlio (Neuro-cirurgião) vê se há a presença de alguma formação de coágulo e como anda a cicatrização da cirurgia. Marquei para Sábado, dia 02/02 pela manhã, como meu plano não cobre esse tipo de exame, ele vai me custar R$800,00 e vou na Unimed tentar negociar esse valor.

No final desse mês de Janeiro também vou fazer o Eco-esofágico, que é uma sonda "ultra som" (esse novo acordo otográfico é meio estranho) que entra pelo  esôfago e vê as veias que saem do coração, esse mesmo  exame foi que diagnosticou a formação dos trombos na veia pulmonar e a Dra. Ruth só vai parar o Marevan quando vê que não há vestígio de coágulo ou trombo venoso. Esse exame meu plano cobre, menos um!

Amanhã é dia de praia pra mim! Marquei com a Sandra, Laila e, minha xará, Daniele um almoço no Pecém, no restaurante da Francisca, aproveito e "mato dois coelhos numa paulada só" já que não vejo a Francisca desde Abril do ano passado, quando tive o aneurisma. Pra quem não sabe, era Coordenadora técnica de uma Usina Termelétrica do Porto do Pecém, ainda sou, mas estou afastada desde então. Enfim, vamos pra pegar uma praia, matar a saudade e comer o peixe delicioso que só ela faz!

Tirei uma foto da angio-ressonância do crânio, só pra vocês verem como é.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Lesão Neurológica reversível e irreversível

Quem leu o "quem sou" viu que tive dois coágulos no cérebro, um estourou já no hospital e o outro deu tempo de ser operado. Hoje, andei pesquisando algumas coisas sobre as sequelas de um Aneurisma, algumas vi que são reversíveis e outras são irreversíveis.  Então, das sequelas que já foram revertidas:

Fala

Ainda no hospital, passei um tempo sem  falar, mas correspondia com movimento dos olhos. Alguns dias depois, já consegui falar, mas muito baixo e compassadamente. Cerca de 30 dias da operação, já conseguia falar audível, mas ainda compassadamente. Se tentasse falar mais rápido embolava as palavras, engolia sílabas, quando sob pressão, gaguejava. Inclusive, por orientações do médico, ainda não  posso ser submetida a situações de estresse. 

Lembro que a minha primeira perícia do INSS foi no hospital, já estava fora da UTI e nesse minuto minha mãe me deixou só, no quarto, pra ir pegar meus exames na recepção e justamente nesse momento o médico perito chegou. Não lembro de nenhuma pergunta, assim como das outras vezes, mas lembro que gaguejava muito ainda e ele, em tom já aborrecido, disse que não precisava gaguejar. Nesse dia  fiquei tão chateada e esse episódio consigo lembrar porque me causou um certo constrangimento.

Com 60 dias de operada já estava falando mais rápido e tinha deixado de gaguejar, mas encontrei outro problema. Notei que, quando caminhava e falava ou conversava por mais de 10 minutos, ficava extremamente cansada e ai foi quando o doutor receitou uma Fonoaudióloga. Isso mesmo, desaprendi a falar e respirar ao mesmo tempo, ainda fico, mas bem menos.

Escrita

Logo nos três primeiros meses era inconcebível uma simples assinatura, mesmo que abreviada, com o meu nome. Em Agosto de 2012 resolvi que era hora de voltar pra Faculdade, fui na secretaria e expliquei minha situação. Eles prontamente propuseram a  realizar apenas a redação no vestibular agendado e para  isso me preparei. Treinei em casa, incansavelmente, a escrita  com a mão esquerda, ainda em letra de forma e passei!

Hoje, minha letra, feita com a mão esquerda, está quase igual ao que era com a mão direita. Agora, estou treinando a coordenação motora com a mão direita. Meus avanços: já consigo pegar na colher sem derramar toda a comida, esse foi um grande avanço, porque não conseguir levar a própria comida à boca me deixava tão chateada,  me sentia uma incapaz! Sério. Outro ponto era pentear os cabelos, esse sempre teimei em fazer com a mão direita, logo, minha cabeça sofreu! Ora tacava a escova na cabeça, ora deixava algum lado sem pentear. Essa minha evolução deixo os créditos para o Roriz, que sempre me encorajava à tentar e só vinha me ajudar quando precisava de alguns "acertos".

Noção  de espaço e coordenação motora

A noção de espaço até  hoje ainda é um problema, mas já foi bem reduzido, sabe aquele momento em que você calcula mal e TUM, bateu com a cabeça? Pois é, já aconteceu algumas vezes comigo. Logo no inicio não podia me abaixar rápido que  ficava muito tonta e  consequentemente acabava batendo a cabeça em alguma parede. Uma certa vez, caí no banheiro, perdi o equilíbrio debaixo do chuveiro e caí de bunda no chão. Depois disso a área do chuveiro é cheia daqueles tapetes antiderrapantes e sempre tenho que andar de chinelas, o que isso é motivo até de "D.R."  porque adoro andar descalça e o Roriz quando me  vê já olha pros meus pés.

Perca de memoria recente

Essa, talvez seja a sequela mais pertinente! Mas tenho notado que tem melhorado consideravelmente. Antes minha fixação na memória não durava 15 minutos, talvez 1h ou um dia, dependendo do assunto. Para exercitar, começamos com algo simples, tipo o que tomei no café da manhã (geralmente o Roriz me perguntava no horário do almoço) e assim sucessivamente. Depois pulamos para as refeições do dia, os horários dos remédios (esses ainda esqueço, às vezes). Agora, estamos nos capítulos da novela das 21h. São assuntos cotidianos, que às vezes passam despercebidos.

Pra burlar essa perca de memória, para novos aprendizados (como algumas matérias na faculdade), bolei a técnica de estudar escrevendo e reviso lendo em voz alta. Isso ajuda muito, mas ainda esqueço muita coisa, só o tempo mesmo. Difícil mesmo está sendo pra ter paciência pra isso tudo.

Meu acidente vascular cerebral foi em Abril/02, estamos em Janeiro/03, e ainda preciso falar devagar e coordenar o que penso com o que  vou falar, senão sai tudo atropelado e uma longa conversa ainda me deixa extremamente cansada. Mas, já melhorou e muito! 

Até agora não sei se essa perca de memória é algo totalmente reversível, mas o importante é não desistir, nunca.

Deixo aqui o link de palavra cruzada, até mesmo pra treinar!

http://coquetel.uol.com.br/jogos.php




quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Terapia Ocupacional


O meu plano de saúde não aprovou as sessões com o terapeuta, isso deveria ser uma novidade, mas não é. Aliás, se o SUS é ruim, o sistema particular de saúde tá bem pior. Você paga caro e tem direito a pouquíssimas coisas. Descobri que o exame de TP, no plano de  co-participação seria cobrado em torno de R$14,00 e se pagasse na hora me custaria R$3,90, desde então só pago a vista.

Enfim, andei pesquisando na internet alguns exercícios para coordenação motora e vi que a pintura, desenho de linhas e curvas seria bom tanto para a coordenação quanto para a memória, então... Imprimi algumas coisas, separei umas coisas que tinha guardado e mãos à obra!

Tenho notado algumas melhoras, por exemplo, já consigo escrever meu nome com a mão direita, mas não deixei de lado a escrita com a esquerda, que tem melhorado a cada dia. Minha memória está melhorando quanto a fixação de algumas rotinas, tipo, consigo lembrar de alguns capítulos (do dia anterior) da novela, pode parecer bobo, mas já é um avanço.






terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Natal e Ano Novo


A Elsa, que é minha sogra, viajou pra Quixadá e ficamos em casa. Resolvemos fazer uma ceia de natal e ficamos por aqui. A mesa estava linda!

No Ano Novo fizemos a mesma coisa, mas dessa vez recebemos a visita da Erika e sua amiga Valeska, ambas de São Paulo. 

Conheci a Erika quando estava separada do Roriz, em Fevereiro de 2010, nesse ano resolvi que tudo seria diferente. Foi quando comecei a estudar, fiz a minha primeira viagem fora do Brasil e desde então todo mês de Fevereiro viajo. Tirei a carteira de motorista e etc... Pois bem, voltando à viagem... Conheci a Erika um pouco antes da viagem, no site Mochileiros.com que estava trocando informações de hospedagem e alguns pontos do roteiro, e a Erika resolveu nos acompanhar, desde então, a gente sempre se fala. Nesse réveillon, ela resolveu conhecer Fortaleza, passou a virada conosco e me deu um caderno lindo, inclusive estou usando ele pra anotar as minhas lembranças.

A Erika é vegetariana, eu e a  Adhara  não podemos comer porco, então a ceia de Ano Novo foi bem sortida. Pra Erika fiz uns bolinhos de soja e uma boa salada, pra mim e pra Adhara fiz coxa e sobrecoxa de frango e pro Roriz e o pai dele, fizemos pernil de porco assado no forno. Pra acompanhar tivemos arroz de brócolis com queijo gratinado, batata maionese, suco de maracujá, laranja, uva e coca-cola. Um verdadeiro banquete!