domingo, 24 de agosto de 2014

Perpectivas

Sei lá, nesses dias me bateu um desânimo... talvez isso esteja influenciando minha recuperação.
Passei a semana ligando para um número que o médico me deu, a fim de cobrar o resultado da biópsia que vai definir o tipo de radioterapia que vou receber. Porém, o telefone só chama...

Minha rotina nessa semana foi quarto - banheiro - quarto... Minha cirurgia inflamou, ainda está inflamada, e hoje meu almoço estragou, só me restou um pouco de macarrão e agora pela noite, pão e suco. 
É, se meu humor já estava capenga... hoje foi pro chão e ainda tá por lá.

E, nessa noite, ando pensando nas perspectivas... e cheguei a conclusão que são... nenhuma. Talvez a única perspectiva que tenha é passar por essa fase chamada câncer, fora isso, nenhuma.
Porque... vamos analisar:
1) Estou de licença de um emprego que me torturava todos os dias, desde meu retorno do aneurisma.
2) Minha vida pessoal está aos cacos ou talvez, nem cacos restaram. 
3) Quem me conhece, sabe que sempre quis ser mãe. Agora, só me resta ser mãe de coração, mas também não tenho coragem de adotar enquanto não ter um lar saudável pra uma criança. 

Agora, se passar dessa... quem é que vai querer se relacionar com alguém que teve câncer, porque o risco dele voltar sempre será uma sombra que vai me acompanhar até o fim.

Ando cheias de avaliações críticas e nenhuma perspectiva, tá osso!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Que você...

Se lembre de mim não quando ouvir falar de câncer, mas quando ouvir falar de cura, fé, alegria e otimismo.
Lembre-se de mim quando te fizerem cócegas, quando te beijarem irritantemente.
Lembre-se de mim quando tiver precisando de doses de coragem.
Lembre-se de mim quando fizerem paródias idiotas de música pop com o teu nome ou quando ouvir uma gargalhada gostosa e contagiante.
Lembre-se de mim quando comer brigadeiro na colher, quando tiver pulando ondas, quando tiver secando o arroz, quando fizer sol de praia ou simplesmente quando tiver com preguiça do mundo.
Lembre-se de mim quando subir numa árvore de manga, quando derrubar toda a cerca do vizinho ou quando bater a ideia idiota de comer limão com sal.
Lembre-se de mim quando alguém chorar assistindo uma comédia romântica, um desenho animado ou se assustar com alguma cena de suspense.
Lembre-se de mim quando alguém tentar te convencer, através de ditados populares e frases de efeito... Lembre-se também das minhas frases sem sentido e dos meus pensamentos ditos em voz alta.
Lembre-se de mim quando ouvir aquela música estranha, mas gostosinha e que até dá pra ensaiar dois pra lá e dois pra cá.
Lembre-se de mim quando sentir o amor de Deus queimando no teu coração (me ama, Ele me - e te - ama!).
Lembre-se de mim quando alguém te disser que fé e religião são assuntos completamente diferentes.

E, principalmente: Lembre-se que a vida é muito curta e rara, pra desperdiçar com besteiras.
Um segundo pode ser tempo suficiente pra mudar tudo, assim como um segundo pode ser uma eternidade para não fazer nada.

Texto adaptado.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Positivo + Negativo = Equilíbrio

Hoje estou bem reflexiva... Refletir, interiorar, conversar consigo mesma, procrastinar, do contrário do que muitos pensam, isso é bom! É voltar-se para dentro, sentir o seu corpo e sobretudo sua alma. Precisamos desse tempo conosco, dessa reflexão. Pois bem, estava enumerando os fatores positivos e negativos desses últimos eventos que aconteceram comigo. Não que os positivos se sobressaem dos negativos e, sim, para cada negativo, existe um positivo e nesse encontro temos o equilíbrio.

Desde os meus 13 anos sofria com hirsutismo, resultante da SOP, somado a oleosidade excessiva no rosto, espinhas, excesso de peso... Passado a adolescência, me livrei das espinhas e um pouco da oleosidade, mas o hirsutismo só piorava, sim... Eu era uma mulher com barba! 

Isso sempre mexeu com a minha auto-estima, gastei sempre muito dinheiro pra manter um rosto com a mínima feminilidade, maquiagens cada vez mais específicas para esconder os pelos que encravavam e as manchas causadas pelos que cresciam por dentro de uma camada fina da pele. Pra uma mulher, isso é um verdadeiro terror!

Apelei para as diversas técnicas de depilações, das mais superficiais às mais invasivas e a situação só piorava e chegou um momento que desistir de ir contra a natureza e deixei crescer, depilar só na linha. Pois bem, depois da cirurgia tenho notado que a oleosidade do rosto simplesmente sumiu e agora tenho que tomar cuidado para não ressecar e proteger mais a pele... E os pelos? Estão descontinuando e muitos deles estão caindo.

Então, quando a vida te parecer ingrata, comece a enumerar os negativos, mas também dê chance para os positivos que surgem... Vale a pena!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Câncer com Otimismo

Ontem, passeando pela internetê parei pela fanpage "Câncer com otimismo" e li esse trecho tão legal, sobre memórias, lembranças, vida e refleti sobre como as pessoas lembram de mim, como passei pela vida de cada um. Vale a pena compartilhar!

Que você se lembre de mim não quando ouvir falar de câncer, mas quando ouvir falar de cura, fé, alegria e otimismo.
Lembre-se de mim quando te fizerem cócegas, quando te beijarem irritantemente.
Quando fizerem paródias idiotas de música pop com o teu nome ou quando ouvir um R gaúcho.
Lembre-se de mim quando comer estrogonofe, tomar caipirinha de morango, suco de graviola e Baileys ou Amarula em copinhos vindos de várias partes do mundo.
Lembre-se de mim quando subir numa árvore ou quando bater vontade de ficar na cama num sábado preguiçoso.
Lembre-se de mim quando alguém chorar assistindo uma comédia romântica (ou um desenho animado!).
Lembre-se de mim quando sentir o amor de Deus queimando o teu coração (me ama, Ele me - e te - ama!).
Lembre-se de mim quando alguém tentar te convencer através de ditados populares e frases de efeito...
Lembre-se de mim quando ouvir aquele jazz sensual, aquele samba alegre ou um forró divertido.
Eu sempre disse que dançar é escrever com o corpo, então leia o meu nome quando assistir a uma dança. E dance. Sonhe, ria, viva, ame sem medidas.
Nunca é tarde para recomeçar.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dando espaço para a vaidade e retorno ao médico

Sábado foi um dia atípico, levantei da cama já decidida a mudar o visual e isto incluiria cortar os cabelos!

Ainda não estou dirigindo, afinal tenho só 12 dias de operada, mas fui ao salão a pé (andando bem devagarzinho, mas cheguei lá). Meu cabelo estava quase na metade das costas, fui decidida a cortar sem pena e não me arrependi.

Minha mãe ainda tinha aquela mania dos antigos, de que cortar o cabelo, ainda operada, faz mal. Mas ontem, durante o retorno ao médico, ele até elogiou a atitude e disse que manter um bom astral faz bem pra saúde.

Agora estou no período dos 30 dias (pós-operação) e também esperando o resultado da biópsia, pois ele explicou que é preciso saber o tipo de célula para definir qual a radioterapia mais eficiente.
Pelo que ele explicou, são dois tipos de Radioterapia:

Radioterapia externa - ou radioterapia convencional consiste na irradiação de um determinado volume alvo (tumor) com um feixe de radiação externo (a longa distância) geralmente de raios X ou de elétrons de alta energia produzidos por um acelerador linear.

Radioterapia interna ou braquiterapia - , ao contrário da radioterapia externa que trata o órgão alvo com feixes de radiação externos, utiliza fontes de radiação interna (a curta distância). Na braquiterapia o material radioativo é colocado, por meio de instrumentos específicos, próximo à lesão tumoral.

Radioterapia interna pode envolver um implante radioativo, uma solução líquida ou injeção intravenosa. Dependendo do tipo de tratamento a ser utilizado, o paciente pode precisar ser hospitalizado por um curto período de tempo.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O câncer, a cirurgia e a recuperação

Descobri o câncer em 29 de Maio desse ano, minha cirurgia aconteceu nesta última sexta-feira, dia 01 de agosto. Entrei na sala cirúrgica as 10h e, segundo minha mãe, saí as 16h.

O câncer que tenho é o mais difícil de ser diagnosticado, mesmo fazendo a prevenção a cada ano e às vezes, a cada 06 meses, por conta da SOP (síndrome dos ovários micro-policísticos). Nunca se chegou a diagnóstico algum. O que me fez começar a duvidar dos constantes diagnósticos de "stresse" que os ginecologistas atribuíam ao sangramento, comecei a mudar de médicos até que um passou uma simples ultrassom e identificou um formato globoso do endométrio. A partir deste resultado, fiz uma histeroscopia que conseguiu identificar o endocarcinoma de endométrio. 

A priori, o câncer estava localizado apenas no endométrio e o médico já tinha esclarecido todas as minhas dúvidas quanto aos procedimentos cirúrgicos e pós-cirúrgicos. Inicialmente ele iria tirar apenas o endométrio e enviar para o "congelamento" afim de realizar a biópsia e saber realmente se o câncer estava apenas localizado, caso positivo, a cirurgia pararia neste estágio e após a recuperação iria fazer radioterapia. Contudo, foi constatado que estava mais avançado e seguiu-se a segunda etapa da cirurgia que foi tirar os ovários, trompas de falópio e o material seguiu para uma nova biópsia, saindo o resultado de que a cirurgia teria que se estender um pouco mais e a partir daí não sei de mais detalhes, a única informação que sei é de que a cirurgia foi até um músculo próximo ao reto.

Minha consulta com o oncologista é na próxima segunda-feira (11/08) e saberei todos os detalhes, inclusive qual será o tratamento pós-cirúrgico. O que presumo é de que a quimioterapia passará a ser considerada mais do que a radioterapia, mas isso é o médico que dirá.

Enquanto isso, os cortes estão sarando bem, não há sinal de inflamação. Tem uma enfermeira que todos os dias vem aplicar injeção na minha barriga e depois disso, ficamos conversando. Ela recentemente perdeu o pai, com câncer também, e cuida de um senhor de 50 anos que sofre de esclerose múltipla e hoje estávamos conversando sobre o psicológico de pessoas que sofrem de doenças graves, inclusive ela disse que a depressão mata muito mais rápido do que propriamente a doença.

Contei pra ela que de início, a notícia em si, me abalou muito. Mas depois resolvi lutar, porque já passei por tantas coisas e não seria agora que me entregaria. Contei sobre as viagens que já fiz, conversamos sobre fé, política, relacionamentos, ela chega as 06h da manhã e hoje saiu mais de 10h. Foi muito bom!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os sonhos, Freud e Carl Jung

“Um homem caminha por uma estrada e encontra dois outros homens. O primeiro lhe pergunta de onde ele vem, o segundo, para onde ele vai. Esses dois homens são Freud e Jung.”

Formado em medicina e especializado em tratamentos para doentes mentais, ele criou uma nova teoria. 
A teoria estabelecia que as pessoas que ficavam com a mente doente, eram aquelas que não colocavam seus sentimentos para fora. Segundo Freud, este tipo de pessoa tinha a capacidade de fechar de tal maneira esses sentimentos dentro de sua mente, que, após algum tempo, esqueciam-se da existência.

Freud se formou em neurologia e, a partir do seu trabalho com doentes mentais, criou a psicanálise. Mas, o que me despertou curiosidade e interesse em Freud foi seu estudo em sonhos. 
“Uma função psíquica encarregada de compensar, de suavizar, de substituir, mesmo, uma realidade que nos  é  hostil,  por  outra,  totalmente  diferente, onde um novo mundo se descortina  diante  da alma e onde todas as nossas   ações parecem absurdas, justamente porque as mais censuráveis, na sociedade em  que  vivemos, gozam, enquanto dormimos de uma espécie de liberdade condicional, quando se expandem nos sonhos”.(Gastão Pereira da Silva)
Fonte: Psicologado - Artigos de Psicologia
 A partir dessa abordagem vou contar uma das minhas experiências com sonhos.
Antes do aneurisma tive dois sonhos bem estranhos. Na primeira vez, sonhei que o teto do banheiro caía sob a minha cabeça. O barulho era muito grande e apesar do teto ter caído, continuava em pé e nada acontecia. Na noite posterior ao primeiro sonho, tive outro. 
Nesse outro sonho: estava no hospital, na sala de espera (em pé) e via muitos amigos sentados nessa sala, resumidamente, era como se eu estivesse esperando ser atendida e nenhum deles fazia nada e foi aí que comecei a gritar e via que nenhum deles me escutava. Lembro claramente da frase que gritava no sonho: "Vocês vão me deixar morrer?". E, acordei.

No terceiro dia seguinte aos dois sonhos, era dia de pagar as contas e em cada loja ou banco que ia, as pessoas me ofereciam seguro de vida. Realmente, via a sequência de três episódios bem estranhos e resolvi fazer, descobriria mais tarde que essa história de seguro de vida é a maior furada, mas isso é outra história.

Então, pelos acontecimentos dá pra recordar a época.O seguro de vida foi negado pelo seguinte motivo: estava no 67° dia da carência, de 90 dias. Pré-estabelecidas no contrato, naquelas letras bem miúdas. Meu aneurisma foi no dia 10/04/2012, se estava a 67 dias do início do contrato, então meus sonhos aconteceram, mais ou menos, entre os dias 2 e 3 de fevereiro/12 (uma estimativa por alto).

Depois do aneurisma, ainda no hospital, tive outro sonho e deixo pra contar em outra oportunidade... 

Só que Freud alega que  "o sonho é produto da atividade do inconsciente e sempre tem sentido intencional, ou seja, a realização, ou não, de um desejo reprimido. Assim eles vão revelando a natureza do homem e são meios os quais podemos ter acesso ao conhecimento do interior oculto da mente."

Já Carl Jung "não reduz os sonhos à satisfação de desejos reprimidos no inconsciente pessoal, como o fez Freud. Ele os toma como mensageiros de complexos. Segundo ele, anexo a nossa consciência imediata existe um segundo sistema psíquico, de natureza coletiva, universal e impessoal, que se revela idêntico em todos os indivíduos". Ou seja, a intuição não surge do nada, ela se forma sob vários aspectos somados, interiores, exteriores e universal.

E, a conclusão que tiro das experiências pessoais e das leituras que já fiz, é que: Os sonhos veem como a única forma do universo falar com o nosso corpo, que por sua vez, é traduzido pela nossa mente. Posso parecer louca, mas de louco, quem não tem um pouco?