sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A hemorragia


Com um mês de alta e tomando o marevan, voltei a menstruar, depois de 5 anos sem. Tenho o histórico de ovários micro-policísticos e por conta disso a grande ausência do ciclo, expliquei pra Dra Ruth que mesmo tomando anticoncepcional  não descia e que tenho isso desde os 12 anos. 

Com o aneurisma  não posso mais tomar anticoncepcional e com a diabetes, descoberta ainda no hospital, passei a tomar a Metiformina, o que voltaria a regular a menstruação e pensava que ela estava vindo muita por conta desse longo tempo. No primeiro mês menstruei muito, por 7 dias ininterruptos, com 15 dias veio novamente, só que dessa vez normal. Acontece que, com mais 15 dias, veio a chuva de sangue novamente e assim se repetiu por mais dois meses, vi que nada estava tão normal assim. Em dois dias usei 2 pacotes de absorventes noturna, daquele que é  para ciclos menstruais severos, teve um dia que dormi de fralda porque estava cansada de trocar de lençol de cama além de cansaço e desânimo, no dia seguinte, bem cedo, fomos à emergência procurar a Dra. Ruth.

Como ela me achou muito pálida, pediu que fizesse um hemograma e pediu também para ver as taxas de ferro no sangue. Quando ela viu meu hemograma, primeiro me deu umas boas chamadas e depois mandou ficar deitada tomando duas bolsas de sangue. Esse dia era aniversário da minha mãe, ela tinha feito um jantar e acabei nem indo porque só fui sair 23 horas. Com esse episódio, ela mandou suspender o marevan quando iniciasse o ciclo menstrual e reiniciasse quando terminasse o ciclo, fora isso, tomasse sulfato ferroso com vitamina C, duas vezes ao dia.

E, tudo voltou ao normal.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Minha nova casa


Tá certo que não é minha, mas é meu novo endereço. 

Estou morando com o Roriz, na casa dos pais dele. De início tudo é muito novo e estranho também, do ponto de quem mora sozinha desde os 18 anos, que com 20 ganhou o mundo rumo à uma vida sem os pais e etc. Esse vai ser um ponto bem difícil – depender de alguém.

Segundo os médicos não posso mais morar só, assim como também não posso mais andar só (pelo menos por um longo tempo). Esse vai ser o maior desafio de todos, desaprender a ser independente.  A casa sempre tem gente, a mãe e o pai dele, a sobrinha, o irmão que trabalha em um quarto no andar de cima, então sempre tem companhia.

Já que, recentemente saí do hospital, então tenho alguns exames de rotina, todas as sextas-feiras faço o TP (tempo de coagulação), o de uma pessoa normal é 1,42, mas o meu é pra ficar na faixa de  2,0 a 2,5 segundo a Dra Ruth, que é a Cardiologista que me salvou da segunda vez. Com uma semana de alta marquei a consulta no Dr.Túlio que foi o Neurologista que me operou. Ido pra essas consultas, alguns muitos remédios pra tomar e tá tudo certo, penso eu.

Alta do Hospital

O grande  dia chegou, depois de longos 42 dias, saí do Hospital. Lembro que foi um dia muito feliz, o Roriz foi me pegar e me levou até a casa da minha mãe. Ele já tinha me feito a proposta de morar com  ele, na casa dos pais dele. Disse que iria pra casa dos meus pais, mesmo sabendo que não iria dar muito certo, não deixaria de tentar.

Meu pai tem o temperamento muito forte e eu também, sempre bati de frente com ele, se não concordava com alguma coisa, dizia e defendia meu ponto de vista. Moro só desde os 18 anos  e desde os 15 anos já ganhava meu próprio dinheirinho, então ia ser um desafio grande dividir o mesmo teto. Dois dias depois tivemos nossa primeira discussão, porque ele  queria que  fosse pra igreja e eu  disse que obrigada não iria. Ainda fui adiante, disse que eu pedi pra morrer e que não pedi que ninguém fizesse promessa no meu nome. 

Tá, eu sei que  fui longe demais, mas meu pai tem que aprender a respeitar o tempo  das pessoas. Tinha acabado de sair do hospital, queria respirar e não queria pressão. Várias pessoas fizeram promessas pra eu melhorar, vou cumprir todas.

Combinei com o Roriz de me pegar na sexta e por conta disso foi um auê em casa, porque tinha que voltar  no Domingo e blá blá blá, quando vi que não  ia dar certo disse pro Roriz que aceitaria a proposta dele, apesar de que a mãe dele tem umas coisas que tiram a paciência de qualquer um, mas, segundo ele, já tinha sido conversado isso. Fui pra casa dele e quando foi na terça voltei pra casa pra falar com meu pai, acho que por conta do nervosismo, minha diabetes estava  perto da casa dos 200.

Fomos, ele  não falou nada, só escutou. A mãe arrumou minhas coisas e voltamos. Foi assim, limpo e seco. Eu gosto pra caramba dele, mas só nos damos bem morando em casas separadas.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Quem quase morre, ainda está vivo!

Pois é, essa frase faz bem sentido agora!
Falei que saí da UTI duas vezes, mas não falei o motivo da volta. Foi assim: da primeira vez passei 20 dias me  recuperando da cirurgia, dessa época lembro pouca coisa, talvez dos últimos três dias e aí acabei voltando.

O motivo do meu retorno à UTI foi por conta  de uma embolia pulmonar ou formação  de coágulos na veia pulmonar. Fui acometida por uma febre muito alta, entrei em choque, as enfermeiras dizem que cerrei as mãos e dentes, me levaram pra  UTI e tentaram colocar remédio na veia e arrancava, por isso me amarraram na cama.

O Roriz disse que fizeram exame de tudo que foi jeito, pra encontrar o motivo da febre, quando a Dra. Ruth foi chamada, porque não encontraram a causa. Quando ela  chegou, a primeira coisa  que ela perguntou foi a data de um cateter que tinha para a aplicação de medicamentos, aí descobriram a causa da febre, o cateter que estava infeccionando. Descoberto isso, tiraram o cateter e a febre começou  a baixar, mas não satisfeita ela passou um eco-esofágico e aí descobriram que tinha três coágulos na veia pulmonar, estacionados. E, por conta desses coágulos, fiquei no hospital sendo medicada com varfarina sódica de 5mg e só saí de lá quando eles sumiram.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sou um amuleto de sorte!

Desde a segunda vez que saí da UTI, me tornei uma pessoa que dava sorte para os outros pacientes no quarto. 
No primeiro apartamento passou por mim uma moça que havia feito uma cirurgia para remover as pedras na vesícula. Ela ficou por lá apenas dois dias e recebeu alta. Em seguida, chegou uma jovem senhora que teve um AVC. Ela ficou por três dias e recebeu alta. Depois veio  a D. Vanda, a única que consigo lembrar o nome. Ela ficou mais tempo, duas semanas, e, quando recebeu alta, tive que mudar de quarto. Fui para um quarto próximo ao balcão das enfermeiras, pra variar levei a sorte para os outros companheiros de quarto. Uma senhora  idosa, que lá estava, recebeu alta no mesmo dia. 

Fiquei só por uma semana e nesse meio tempo as meninas se dividiram com a minha mãe pra  dormir comigo.  Uma noite foi a Eulália que chegou com a Rafaela, depois do banho, ela me maquiou, penteou meu cabelo e tirou fotos pra postar no Facebook.

Outra vez, a Soraia  foi  dormir comigo, a Paulinha também foi um dia dormir e me deu meu primeiro batom vermelho da  MAC, lindo! Também foram a Socorro, a Gabriela (minha cunhada), as minhas tias Miriam, Maria e Dora, quem passou os últimos 10 dias me acompanhando, por fim, foi a Fernanda, uma vizinha da mãe e que acabou se tornando  minha amiga.

Sair da UTI foi difícil, mas sair do Hospital parecia impossível. Os dias se arrastavam e a Dra. Ruth, que era a cardiologista que me acompanhava depois da minha volta à UTI.


domingo, 11 de novembro de 2012

Visita na área de isolamento

As visitas nessa área eram proibidas, mas um certo dia recebi a visita de todos de uma só vez! Nesse dia foi legal e engraçado. A UTI é triste e solitária, quando não se está dormindo, agora, imagine a área de isolamento.

Nesse dia foram: Adhara,  Adriana, Eulália, Rafaela, Socorro e Roriz. Pela manhã a Socorro foi me visitar, ela levou uma mini Nossa Senhora e uma presilha de cabelo, vermelha com poás.  Na visita das cinco horas, primeiro, chegou a Adhara e o Roriz e eu lembro  que queria saber da rotina deles, perguntei se já tinham começado as inscrições pro ENEM, qual curso ela tinha escolhido e outras coisas.

Logo em seguida chegaram as meninas e  foi aquela zorra, a Adriana foi a última a entrar. Como a  aglomeração de  pessoas era proibida, ainda mais na sala de isolamento, a Rafaela fechou as cortinas impedindo que os médicos e as enfermeiras vissem aquilo. Com isso, a Adriana, em tom de brincadeira, disse que era a hora do sexo e foi aquela algazarra toda!

sábado, 10 de novembro de 2012

A greve do coco!

Disseram que ia sair da UTI, dessa vez não criei expectativas, enquanto esperava vaga. Aliás, esse foi o primeiro grande aprendizado: "deixar as coisas acontecerem naturalmente, segundo a vontade de Deus". E, por conta disso, ainda esperei uns três a quatro dias.

Nesse período senti vontade de fazer coco, pelo que me lembrava fazia uns dias que não fazia, mas a médica não me liberou para ir ao  banheiro. Por três dias tomei laxante. A médica do plantão, Dra. Isabele, perguntou se pelo menos sentia  vontade, respondi  que não e que era algo psicológico. Só cagaria se ela me liberasse minha ida ao banheiro, ela recusou meu pedido (claro) e me propôs o seguinte: ela liberava uma cadeira higiênica, desde que na ala que estava. Aceitei, não tinha pra onde correr mesmo!

Eu juro que tentei,  me espremi, contei formiguinhas, olhei pro teto, cantei (mentalmente) uma música qualquer e só saiu uma bolinha, ou seja, o mesmo que nada. Isso só fez minha situação piorar, pois passei a me sentir empachada. Passaram-se dois dias e a Dra Isabele viu que não adiantaria me entupir de laxante e pense que o bicho era doce! Então ela ligou pra Dra. Ruth (a cardiologista) e só aí ela liberou a ida ao banheiro. Nossa! Foi o dia mais feliz que um coco pode ter. Sério.

Com isso, passei a tomar banho sozinha, sempre sob a supervisão de alguém, mas estava e isso pra mim era importante. Com  isso, a equipe médica percebeu que estava mais "independente" e me transferiram para um apartamento, finalmente saí da UTI! Se soubesse que uma greve de coco iria causar  tudo isso, teria usado essa técnica anteriormente (brincadeirinha).

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Fora da UTI pela primeira vez

A enfermeira disse que ia sair da UTI, por conta disso, fiquei toda animada e criei milhões de expectativas, naquele dia não deu certo. Os quartos e as enfermarias estavam lotadas, simplesmente não tinha vaga. Fiquei tão triste  e decepcionada que não aguentei, enchi os olhos d'agua e comecei a chorar.

Aí fui explicar porque estava chorando e quanto mais explicava, mais chorava. Estava decepcionada comigo, porque não podia fazer nada pra mudar. Fiz tanto drama que acabaram achando uma vaga pra mim, no dia seguinte e fiquei só alegria.

Fui pra um quarto e se tudo corresse bem, quatro dias depois iria pra casa, infelizmente, não durei nem um dia completo. Saí da UTI por volta das 10h e voltei por volta das 20h. Já fora da UTI, no quarto, só lembro que tomei banho e fui dormir. Quando acordei, sei lá quantos dias depois, estava na UTI novamente e pior, na sala de isolamento toda amarrada, abri os olhos e pensei: Meu Deus, de novo não!

E assim, a saga da UTI começou novamente.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Flashes de memórias

Tenho dois flashes de memória, um, acordei no meio da operação e vi um teto branco, três monitores e duas pessoas de colete azul. A enfermeira viu que acordei e chamou o Doutor, então ele veio e disse que estava tudo bem, que eles estavam fazendo um exame e que eu ia  voltar a dormir para eles continuarem o exame. Realmente dormi.

A outra lembrança é de um sonho, pelo menos eu acho que foi um sonho. Sai da UTI  e depois voltei por complicações, depois conto sobre isso. Pois bem, nessa vez que voltei, sonhei que era acordada por uma enfermeira que ia me dar os remédios e para ela eu pedia que me deixasse morrer, que não aguentava mais, era muito sofrimento, enfim. No sonho ela dizia que tinha como acelerar o processo, mas para isso tinha que pagar R$1.600,00 e eu dizia que  não tinha esse dinheiro e por conta disso, resolvi que era melhor viver.

Na segunda vez que voltei a UTI, passei dois dias em coma e curiosamente depois desse sonho, acordei.