Quando resolvi fazer um diário, pra mim, foi muito difícil.
Fisicamente, em primeiro lugar, porque escrever era um desafio enorme, como já disse aqui, minha coordenação motora com a mão direita ainda é um desastre e o fato de só exercitar me deixa cansada física e mentalmente. Depois, relembrar o que passei e reviver a minha história, mesmo que contada pelo testemunho dos que me acompanharam, foi bastante estressante e talvez tenha sido a parte mais difícil, mais pesada. Passando essa parte, a cada obstáculo vencido e muitos outros ainda em curso, vejo que tudo valeu e ainda vale à pena. Estar escrevendo tudo isso.
Nessa semana resolvi abrir o blog para o público, enviei o endereço aos familiares e amigos, e vi que, pra eles, ainda é muito mais difícil reviver (mesmo que contada) a história. Minha mãe disse: "quando comecei a ler, me deu logo uma coisa ruim e parei" e, minha amiga Eulália, "estou morrendo de chorar". Mas prefiro pensar que cada um tem seu modo de encarar as coisas.
Essa é uma coisa curiosa, antes disso, era muito mais emotiva e expansiva. Depois do acontecido, sinto que fiquei mais fria com relação aos sentimentos, não que não me emocione, claro, mas demostrar é muito mais difícil, como se estivesse passando por uma era glacial. Prefiro ficar em casa, do que acompanhada ou em ambientes com muita gente, a Ana Paula (minha amiga, que me deu meu primeiro batom da MAC) foi pra Alemanha e nem sequer fui me despedir dela. Agora, um fato que me deixou alguns dias em estado de choque, foi o falecimento do tio Mota (tio da Eulália), não que não tivesse sentido a sua morte, mas não conseguia entender ou talvez compreender o seu falecimento assim tão repentinamente, fiquei mais de uma semana muito pensativa, como se estive ainda em estado de choque e com isso não conseguia expressar nada, mas só pensar no ontem e no hoje e não conseguia ligar as coisas... enfim, é tudo muito estranho.
Esses são alguns dos fatos que aconteceram, é como se a área dos sentimentos tivessem sido desligadas. Tenho lido depoimentos de outras pessoas, que passaram pela mesma coisa que eu, e a queixa é a mesma, uma constante falta de vontade de socializar, uma pessoa estranha a si e a tudo que a rodeia. Se é difícil para as pessoas compreenderem isso, pra mim é muito mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário