sábado, 7 de junho de 2014

Assédio Moral - A carta que não escrevi, vivi.

Eu, Daniele de Sousa Cavalcante, fui contrata pela empresa XX em meados de Setembro de 2010, como Coordenadora Técnica. A negociação de salário foi feita como em toda empresa, o funcionário pede A, a empresa oferta B e para se chegar a um consenso há um "acordo salarial". Firmado no contrato de salário de R$1.900 + 30% (referente a periculosidade), do qual se chegaria a um meio termo. Contrato de trabalho assinado.

Comecei trabalhando aproximadamente 20 dias na matriz dessa empresa e resolvendo pendências que teriam que ser resolvidas antes da minha ida ao local, tais como: cotação para aluguéis de banheiros químicos (da empresa Y), compra de um bebedouro (gelágua) e estabelecendo rotinas administrativas e técnicas.

Nesse mesmo período foi comprado um gelágua e pedi a empresa Y proposta para locação de banheiro químico, no caso, apenas 01, pois não havia banheiro nesta usina (na época) e nem recipiente para beber água. No local trabalham 2 operadores (homens) e eu seria a 3a. pessoa e iria dividir o banheiro locado com os operadores.

Uma pausa, para avaliar o meu translado de casa ao novo local de trabalho:

Comecei a trabalhar (Segunda a Sexta, das 08h as 16h40), locada neste local com a distância de 30km de onde morava e o único meio de transporte é: ônibus municipal ou carro. Para chegar até o local de trabalho, a empresa teria que depositar o dinheiro referente as passagens e refeições. 

Uma semana antes de começar neste local, passei as despesas ao diretor administrativo. Ao todo, seria: R$11,00 por dia, para as passagens + R$10,00 para a refeição. Mas, encontraríamos um problema: Como me deslocaria desse local até a cidade próxima para almoçar. Então teria que ser adicionado mais R$10,00 para o mototaxi me deslocar na chegada do ônibus, no horário do almoço e na ida para casa.

Então, vamos aos valores: R$11 + R$10 + R$10, no total de R$31,00 ao dia. Estendendo-se ao mês, teríamos o valor de R$31,00 x 21 dias úteis, daria a quantia de R$651,00 referente a ajuda de custo.

Comecei a trabalhar, no horário de 08h as 17h30 (seg - sex), afim de trabalhar em uma planta de geração de energia térmica da empresa "B", esta contratante da empresa XX com o contrato de manutenção e operação.

Não foi locado o banheiro químico e tão pouco foi depositado a quantia, referente as despesas de transporte e alimentação. Ao contrário disso, foi dito que:

Inicialmente iria de ônibus (ida-volta) metropolitano e usaria o ônibus de funcionários da B apenas para me deslocar na hora do almoço. Porém, os valores referente as despesas diárias de deslocamento e refeição foram tidas como "dispendiosas" pelo diretor financeiro, da empresa XX e seria depositado o valor de R$500 para despesas da usina e alimentação.

Então, a empresa consultou o gestor do contrato entre as empresas XX e B, afim de consultar sobre a autorização para que pudesse usar o ônibus de transporte de funcionários da referida empresa ao qual a empresa XX tem contrato, por mais que tenha uma cláusula no contrato firmado entre ambas que não aceita essas condições.

Com relação ao uso do banheiro: Para me adequar as condições de trabalho, adotei a seguinte rotina afim de não prejudicar as minhas necessidades fisiológicas. Na parte da manhã (08h - 11h45) ficaria na sala de operação da empresa contratante ( e assim teria acesso ao banheiro nas instalações da Contratante e no período da tarde, iria para a usina ficando até o horário de saída.

Cerca de 7 a 8 meses após trabalhar no local, tirei minha habilitação e comprei um carro. Então, passei a receber a quantia de R$200,00 para ajudar na despesa de gasolina e assim passei a usar o carro como meio de transporte. Meus problemas, ora resolvidos, começaram a aparecer quando meu carro começou a dar problemas mecânicos, ficando no prego na estrada após ter quebrado a junta homocinética e a carcaça da caixa de marcha, desembolsei cerca de R$2.500 para o conserto e voltei a minha rotina de trabalho. Nenhuma despesa referente ao reparo foi cobrado da empresa.

Esgotada física e pisicologicamente, diante da rotina de trabalho e pelos problemas encontrados nesse percurso, pedi férias em fevereiro de 2012. Acordado da seguinte forma: a empresa pagaria 10 dias e os 20 dias tiraria em 10 + 10. Escolhi o período do pós-feriado de carnaval para tirar os primeiros 10 dias, assim poderia viajar com meu marido e aproveitar melhor o período das férias. No RH da empresa, coordenado pelo então sr. responsável pelo RH, foi solicitado que assinasse o período integral (20 dias) afim de auditoria ISO9001, mas o acordo com o sr. diretor administrativo seria mantido.

Tirei os 10 dias pós-feriado de carnaval daquele ano, voltei as atividades normais no mesmo local. 

Em Abril do mesmo ano (dia 10/04/12), tive um Acidente Cardiovascular (AVC) com rompimento do coágulo, fui operada as pressas, e, cerca de 10 dias pós-operação tive três paradas cardíacas, ocasionada por uma embolia pulmonar. Ao todo, fiquei internada no Hospital da Unimed 42 dias e afastada por licença médica cerca de 1 ano de 3 meses. Após voltar de licença, reclamei os 10 dias de férias que ficaram a ser tirados antes do AVC e fui informada de que não não havia nenhum registro desse acordo, e, o papel das férias tinha sido assinado com 20 dias. Muito contrariada, por ter assinado um papel com o período integral, acreditando que o acordo verbal (de cavalheiros) seria mantido, aceitei e não reclamei mais.

Ainda no período de licença, meu então marido foi chamado pelo responsável pelo RH até a empresa XX e questionado acerca das despesas médicas referente ao meu acidente (AVC) e como seria pago. Na ocasião, meu marido expôs que o plano de saúde da empresa teria pouca cobertura referente aos meus exames e as rotinas de terapias referentes ao meu tratamento e com isso estávamos gastando muito para cumprir as recomendações médicas e assim minimizar as sequelas do AVC.

O sr. responsável pelo RH saiu da sala alegando que iria conversar com o sr. diretor financeiro e retornou com a seguinte proposta: as despesas do ocorrido, seriam pagas pela empresa XX integralmente, contanto que eu (Daniele de Sousa Cavalcante) sairia do plano de saúde da empresa (então Unimed). Proposta aceita com a condição de que o período de carência do novo plano não fosse considerado pela Unimed, porém sem sucesso com a Unimed e para resolver com brevidade, foi chegado a um consenso de que meu plano empresarial só seria cancelado após vencer a carência do novo plano (de 3 meses).

Voltei a trabalhar em Maio/2013 e nos primeiros dias fui informada de que o plano da Unimed foi cancelado e todos os funcionários estavam sem plano de  saúde, inclusive eu, que ainda estava na carência do novo plano. 

Após meu retorno, fui transferida para o departamento comercial de geradores. Lá, todos os dias, me obrigavam a fazer serviço de telemarketing, alegando que com meus conhecimentos técnicos poderia agendar visitas para os vendedores. Me recusei piamente. E assim, todos os dias, fui assediada moralmente por me recusar a fazer o serviço de telemarketing. 

Nesse mesmo período tive picos de pressão e glicemia, voltava para casa chorando e cogitei várias vezes em pedir demissão, devido a pressão psicológica que estava sofrendo.Porém, minhas despesas com medicação, alimentação e plano de saúde eram muito altas e não poderia ficar descoberta. Pedindo demissão e aceitando toda a pressão imposta, perderia todos os meus direitos perante a CLT.

Em meados de Junho ou Julho de 2013, tirei licença médica de 10 dias para refazer todos os exames e na ocasião perguntei ao médico (Dr. Avelino Missialdes) se havia alguma sequela que impedisse retornar ao local original de trabalho, então o mesmo explicou que não havia e que até teria superado todas as expectativas médicas devido a seriedade do ocorrido. Pois os últimos exames mostravam total cicatrização do rompimento da artéria. Com base na explicação, contei para ele toda a pressão sofrida no trabalho e que eles estavam se recusando a me colocar no local inicial ao qual trabalhava. Então, o Dr. Avelino, com base nos últimos exames, escreveu laudo declarando que poderia ser alocada no local original e não precisava de readaptação profissional.

Após a licença fui informada pelos srs. gerente e coordenador de vendas, que teria que marcar uma reunião com o sr. diretor financeiro afim de decidir "meu futuro" na empresa XX e o que queria  "da vida". Marquei a referida reunião e conversamos sobre todo o acontecido, sobre as atividades desempenhadas e as que estaria sendo obrigada a desempenhar. O sr. diretor financeiro, após uma longa conversa deixou transparecer que estaria aberto a um acordo, desde que devolvesse 50% referente a multa rescisória. De pronto, aceitei de coração aberto e me propus a assinar algum papel, se assim fosse necessário. Queria apenas me livrar de toda a pressão psicológica da qual estava sofrendo.

Voltei ao escritório da empresa, localizada na av. beira mar. 

Por volta das 16h, o Sr. diretor financeiro compareceu ao escritório e ficou conversando de portas fechadas com o Sr. gerente de vendas de geradores. Depois de um tempo fui chamada e me informaram que iria para o setor de serviços (oficina) trabalhar com geradores. Aceitei, pois ou aceitava a mudança ou continuava no escritório de geradores.

Comecei a trabalhar no dia seguinte, inicialmente minhas atividades seriam receber os atendimentos, coordenar roteiros dos atendimentos com os técnicos, agendar a equipe e atender clientes. 

Após três meses, o senhor diretor de serviços (irmão do diretor financeiro) fez uma reunião com todos do departamento de serviços, informando que os colegas de trabalho seriam promovidos para supervisores, igualando o meu salário aos demais. Interrompi a reunião e perguntei se eu teria direito apenas a um pedido, já que todos foram promovidos (menos eu) e que as atividades de todos (inclusive a minha) aumentaria. Ele me respondeu que não poderia me responder e para isso precisaria conversar com seu irmão.

As novas atividades que teria que fazer eram: as atividades já desempenhadas, acrescentadas as atividades de fazer orçamentos, emitir aviso de faturamento, executar a programação referente aos contratos de manutenção, fazer novos contratos de manutenção, analisar débitos de clientes e cobrá-los, ligar para clientes afim de fazê-los aprovar os orçamentos, agendar entregas técnicas de novos geradores, ligar para clientes com débitos pendentes, emitir notas fiscais de serviços e peças e muitas outras atividades. 

Ao final da reunião o senhor diretor de serviços deixou bem claro que, se não se adequasse aos serviços o futuro seria demissão.

E, com novas atividades e nenhum treinamento para desempenhá-las, fui aprendendo com os que já trabalhavam com elas, somado a todo o estresse gerado através de chamados corretivos (de geradores), clientes com insatisfeitos, administrar insatisfação dos técnicos que pedem treinamentos, dos que não recebem periculosidade (apesar de serem amparados por lei, por trabalhar com energia elétrica). Enfim, a demanda cada vez mais aumentando afim de que eu pedisse demissão.

Quando viram que não pediria demissão, inventaram metas financeiras para cada marca. Por último, e que culminou a minha revolta foi: cobrar por um serviço de dados (internet) do celular empresarial. Serviço este, que deveria estar bloqueado.

Toda essa pressão para que eu peça demissão, está consumindo o resto de saúde que tenho e por isso, resolvi pedir socorro. Faço acompanhamento psicológico, porque minha vida está insuportável.

No dia 29/05 fui diagnosticada com CA e mesmo a empresa tendo acompanhado toda a minha situação, continuo sendo constrangida psicologicamente a assinar recibo de conta de celular sob o nome de "adiantamento de salário", me recusei e me disseram que os descontos da Unimed irão continuar pelo tempo que trabalhar na empresa.

Ontem (06/06) reduziram mais ainda meu salário, cancelando o benefício de periculosidade, reduzindo mais ainda meu salário. Tenho contas atrasadas, limite do banco estourado e ainda tenho que administrar uma nova doença, que mata aos poucos.

Não aguento mais! Esse é mais que um desabafo. É, um pedido de socorro.

Por mais que esse empresa não me preserve, manti minha ética em preservar o nome dos envolvidos.


















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